quinta-feira, março 22, 2007

Parto com orgasmo

Há partos de todos os jeitos, de cócoras, na piscina, natural, cesariana, com incenso, com música ao fundo, acompanhado pelo pai, filmado, fotografado... O humorista Ari Toledo gostava de lembrar da cesariana lusitana, em que o médico corta a barriga e empurra o bebê para baixo. De absurdo para absurdo eu ouvi essa semana falar em orgasmo no parto.

A coisa tem toda uma explicação científica. Devido à respiração cachorrinho (tipo em que a grávida inspira e expira rapidamente, parecendo estar sem fôlego) há o estímulo do corpo e parece que o andar da carruagem leva ao nascimento e ao êxtase. É engraçado porque normalmente o orgasmo é que causa a gravidez, e não o contrário. Tudo bem.

Embasbacado, resolvi então pensar mais filosoficamente no assunto, qual é o sentido do orgasmo no parto? Será que ele representa a despudorização do prazer? Ou será que tem mesmo a ver com todo aquele consumismo, a sociedade do prazer, em que quem não goza é um otário?

Politicamente poderíamos dizer que o orgasmo no parto é como comemorar a vitória dois anos antes da disputa eleitoral. O pleito sim, é dolorido e pode ser disputado de todos os jeitos possíveis e imagináveis, com ou sem assistência, natural ou cesarianamente e obviamente, com ou sem orgasmo. Talvez José Simão, o colunista da folha e Bandnews esteja correto. Nóis sofre mas nóis goza.

segunda-feira, março 05, 2007

Cargos de confiança versus burocracia

Em várias prefeituras e paragens superiores se discute muito a questão dos cargos comissionados. Normalmente a discussão descamba para ataques contra o mérito daqueles que ocupam as posições de confiança. Mal sabem eles que Max Weber, no início do século XX já discorria sobre o assunto, contrapondo-o com a fria burocracia alemã.

Weber faz vários contrapontos e não julga o assunto. Ao contrário dos defensores da burocracia, que criticam os apadrinhados por receberem seus salários e cargos, geralmente de comando, de mãos beijadas e sem passar pelos difíceis concursos públicos, Weber procura explicar o porquê da importância dos cargos de confiança, começando pela própria frieza que a burocracia exige.

Graças ao aparato burocrático, muitos funcionário públicos executam ações que, como cidadãos poderiam ser condenadas. Um policial, por exemplo, quando mata em nome do Estado ou um agente do Meio Ambiente, quando despeja pessoas das invasões jogam a responsabilidade de suas ações para o Estado, visto que esse é o seu trabalho.

Para os cargos de confiança, a situação é justamente o contrário. Diretores, secretários e ministros levam o crédito de suas ações, seja ele positivo ou negativo. Esse é o caráter desses cargos mais políticos, que em última instância são regulados pelo processo eleitoral, ou seja, são referendados de quatro em quatro anos, no caso do Brasil. Do contrário, no caso de uma burocracia total, teríamos, segundo Weber o autoritarismo.

Na leitura de Weber, cada qual tem sua importância na administração. Cargos de confiança e funcionalismo concursado são complementares e se regulam.