segunda-feira, março 05, 2007

Cargos de confiança versus burocracia

Em várias prefeituras e paragens superiores se discute muito a questão dos cargos comissionados. Normalmente a discussão descamba para ataques contra o mérito daqueles que ocupam as posições de confiança. Mal sabem eles que Max Weber, no início do século XX já discorria sobre o assunto, contrapondo-o com a fria burocracia alemã.

Weber faz vários contrapontos e não julga o assunto. Ao contrário dos defensores da burocracia, que criticam os apadrinhados por receberem seus salários e cargos, geralmente de comando, de mãos beijadas e sem passar pelos difíceis concursos públicos, Weber procura explicar o porquê da importância dos cargos de confiança, começando pela própria frieza que a burocracia exige.

Graças ao aparato burocrático, muitos funcionário públicos executam ações que, como cidadãos poderiam ser condenadas. Um policial, por exemplo, quando mata em nome do Estado ou um agente do Meio Ambiente, quando despeja pessoas das invasões jogam a responsabilidade de suas ações para o Estado, visto que esse é o seu trabalho.

Para os cargos de confiança, a situação é justamente o contrário. Diretores, secretários e ministros levam o crédito de suas ações, seja ele positivo ou negativo. Esse é o caráter desses cargos mais políticos, que em última instância são regulados pelo processo eleitoral, ou seja, são referendados de quatro em quatro anos, no caso do Brasil. Do contrário, no caso de uma burocracia total, teríamos, segundo Weber o autoritarismo.

Na leitura de Weber, cada qual tem sua importância na administração. Cargos de confiança e funcionalismo concursado são complementares e se regulam.