quinta-feira, agosto 09, 2007

A difícil separação política

Como os casamentos, as alianças políticas são por vezes orquestradas, planejadas depois de anos de namoro e noivado. Em outras vezes, elas ocorrem por paixões momentâneas e promessas de um futuro melhor. Infelizmente essas promessas acabam se frustrando hora ou outra. É aí que vem a difícil tarefa da separação.

Um amigo meu já dizia, "Casar é fácil, difícil é se separar". Em política não é diferente. Nessa hora todas as mínimas questões passam pela cabeça dos separados. Quando a separação é amigável, dividem-se os bens e os dividendos dos trabalhos e cada um vai para um canto. Isso ocorre nos casos em que o velho político pendura as chuteiras, casos raríssimos, já que a maioria, como recentemente foi o caso de ACM só largam do poder depois de mortos — se é que largam.

No entanto, na maioria das vezes a separação ocorre por brigas. Aí sim vemos uma verdadeira disputa pelo espólio político. Amigos e parceiros, que trocavam juras de fidelidade e festejavam há pouco os frutos da aliança se tornam adversários da noite para o dia.

Não bastando a dor da separação — ou alegria, dependendo do ponto de vista — resta ainda a tensão que fica como conseqüência. Ex-mulher, ex-marido e, nesse caso, ex-parceiros políticos são a certeza de dores de cabeça no futuro. É muita munição, muita intimidade, tudo ali, prestes a ser desvelado caso um dos lados se comporte mal.

E o que dizer dos filhos, dos cargos comissionados, das vantagens? Como garantir o futuro desses rebentos, o leite das crianças? Arrependidos, muitas vezes parceiros políticos, tais quais alguns casais acabam se reconciliando. É difícil observar tal movimento, já que ego e orgulho ninguém tem pouco. Mas acontece. As mágoas, no entanto, não ficam, já que, pelo menos na política, ninguém é imperdoável.

Paulo Chibata