quinta-feira, julho 31, 2008

O subsídio

O governo brasileiro há muito subsidia o nosso petróleo. Nada melhor para manter a inflação em baixa e os votos em alta. Mas hoje, eu que acordo sempre deseperado, percebi um deslize, um erro na conta de padaria que dita os rumos do país.

Temos petróleo, certo? E temos biocombustível e alimentos, certo? Vamos lá, os biocombustíveis surgiram, ou tornaram-se economicamente viáveis graças ao aumento do preço dos barris. Nesse meio tempo, chineses, indianos e brasileiros, a miséria Bric, melhorou a alimentação e passou a consumir mais. E nos vimos com uma nova crise dos alimentos. O quilo do restaurante vagabundo ali da esquina, por exemplo, subiu R$ 4,00.

Mas se temos combustível subsidiado e biocombustíveis subindo junto com a cotação mundial do barril, há um defeito. Os alimentos não têm subsídios. Ou seja, o VR vai valer mais que o VT. Vamos ter quer rodar muitos quilómetros para encontrar uma comida mais barata. E dá-lhe etanol no tanque.

quinta-feira, julho 03, 2008

Marta, hillária

Até pouco tempo a ministra do relaxa e goza era considerada carta fora do baralho eleitoral paulistano. As brigas intestinas entre a aristocracia demo-tucana parecem abrir espaço na corrida, tal qual uma Hillary ao contrário, a ex-ministra começa solta, com pouco favoritismo, mas talvez surpreenda ao fim.

Tudo isso só para tentar falar um pouco de egoísmo. Porque é o egoísmo alckimista ou serrano o ingrediente chave nesse imbróglio. Vivemos tempos difíceis. A coca-cola privada nunca está à salvo de um ataque socialista na geladeira coletiva. São tempos de vacas magras, em que os próprios comunistas, ou anarquistas, cuidam de valorizar-se individualmente. A propriedade do povo, dizem, são os outros!

Já se prevê por aí o arrefecimento da economia, em plena época de aquecimento global. Parece que depois da Olimpíada chinesa, a bolha vai estourar. E não me refiro à fabulosa bolha construída para abrigar as competições de natação (engenhada, aliás, com mentes ocidentais sob coordenação chinesa -- algo que deve ficar mais comum daqui pra frente). Mas falo da bolha do comércio internacional. As commodities em alta num mundo inundado de bens industrializados, alguns já obsoletos, adequados a outro padrão de consumo, que envolva menos petróleo. Para onde vai esse lixo todo?

E se você pensar na catástrofe de um sistema financeiro totalmente interligado, cuja ponta do iceberg foi vista na época do subprime, pode ficar mais assustado. Vacas mais magras virão. "E o Brasil?", gritam os ufanistas. O Brasil está aí, perdendo os ganhos em desigualdade com uma inflação subestimada. Há coisas a serem mexidas e há pouco tempo. Reforma tributária e política são urgentes. E dessa vez estão deixando o homem trabalhar, mas parece que finalmente ele está é descansando. Veremos.

terça-feira, junho 17, 2008

Esse Mundo do Avesso


Quando aquele ente multiantropomórfico chamado de Copom resolveu aumentar em 0,5% a taxa de juros na semana passada a maioria viu como um alívio. Viu aquilo como apenas 0,5%. E eu digo que isso é uma puta contradição.

Até pouco tempo, os poodles do setor produtivo rosnavam contra os abusivos aumentos da Selic. Pregavam, como pastores/bispos medíocres, que era preciso reduzir os gastos do governo. O gigante, diziam, tem carne o suficiente para cortar. Nada mais incongruente. Especialmente quando é desse mesmo governo que retiram o leite do seu investimento. Eu me pergunto se há capitalismo no país do PAC. Em que outro lugar o sistema movido pelo lucro precisa desse empurrãozão? A (iniciativa) privada não basta?

Agora, aos sinais de inflação baixam o tom das críticas e bendizem o antes maldito aumento. O apenas 0,5% é bom, porque poderia ser mais. O Copom agora sabe o que faz e está de bem com o setor produtivo. Dá-lhe indústria.

Quem está agora emputecido é outra parte dos economistas, os verborrágicos representantes do mercado financeiro. Nessa semana os verborrágicos Marias Tintas (aqueles apaixonados pela imprensa) reclamaram do aumento, considerado-o modesto demais. Os números de inflação recente comprovariam suas críticas. Dessa vez os líderes do messianismo financeiro se pronunciaram e, como que querendo demarcar o território recém conquistado pelos poodles produtivos, mijaram no Copom. Apenas 0,5% é muito pouco e agora a inflação derreter-nos-á a todos.

Eis que, na esquina da Paulista com a Haddock Lobo, seu Jonas vendedor de milho verde, na espiga e no pratinho, a R$ 2,00, continua sem entender nada. Nem eu.

quinta-feira, abril 17, 2008

Não me venham com essa de Tupi, nem de Carioca...

O petróleo brasileiro está é na Amazônia. E não falo no sentido figurado não. Temos lá petróleo a pouca profundidade, de boa qualidade e em grande quantidade. Ou alguém duvida que aquela porrada de terras governamentais é para usufruto dos índios somente? Alguém acredita, piamente, que Sivam; aumento da presença do exército na região e programas de infra-estrutura destinados ao norte são políticas apenas de defesa da mata? Será que só a Venezuela, bolívia e, recentemente, Colômbia podem se beneficiar das jazidas amazônicas? Ora, veremos!

Vamos lá, por partes, para que vocês me entendam direitinho. Certa feita, um senhor carioca me confidenciou, que uma propriedade sua no Pará (!?) vertia petróleo em vários pontos, próximos de cursos d'água. Não fosse ele ter se disposto a uma viagem de ida e volta no bondinho da Lapa o segredo nunca seria revelado. Um segredo de bondinho é para ser levado a sério. Até porque ele parte do lado da sede da Petrobras. Eis outro argumento fortíssimo.

Talvez a Amazônia seja mais ou menos como aquela história de que os maiores campos de petróleo no mundo estão nos EUA. Prospectados e lacrados, à espera de um colapso na produção mundial, enquanto a maior economia do mundo drena o sangue negro direto das veias árabes e latino-americanas. E, se quiserem, injeta uma linfa mais doce, gaseificada e também negra. A coca-cola que dopa gerações.

Tudo isso para dizer que estão é te enganando, pequeno brasileiro. Você que vive num mundo flex, com uma moral flex, educação flex. Substituíram o jeitinho pelo flex. Você que acredita no etanol, espere até surgir etanol de árvore. Aí o Canadá será imbatível, isso vai ser dentro de dez anos, amigo. Enquanto isso, o petróleo, bem, o que não está a alguns mil metros de profundidade marinha está em terras indígenas, ou sob a ingerência de ONGs internacionais. Alguém, por favor, me diz o que está acontecendo? É isso que quero saber. E podem colocar o pré-sal onde bem entenderem.

terça-feira, abril 08, 2008

Retomando 2

Alguém, uma vez, disse que é preciso persistência. Algum babaca aí. Certamente desistiu de repetir a frase, tanto tempo faz que não a ouço.

Hoje resolvi escrever de volta para o nada que me lê fielmente todos os dias. Sei que você está cansado dos mesmos posts de tempos passados. De colaborações malfadadas a jornais minúsculos e de uma fama que nunca veio nem nunca voltou. Pois aqui estou eu, de volta, qual Maluf depois de uma entrevista. Como Álvaro Dias depois da cavalgada professoral.

Não, já não me interesso mais pelos políticos da terra das araucárias. Aqui, onde os cafezais já reinaram (e onde hoje, o açúcar está fazendo a festa) os Dias melhores, aparentemente vieram. Tudo bem, houve aí um tropeço no meio do caminho. Nosso ilustre senador confirmou o vazamento de informações à imprensa. Se não confirmou, deu fortes indícios. Chamem o encanador!

A política desvairada da paulicéia divide-se, aparentemente, e digo isso com toda a superficialidade que me cabe, entre síndicos e sindicalistas. Kassab = síndico. Marta (ao menos para a turma do Capão Redondo) = sindicalista. É isso aí, mano.

Espere ansioso amigo niilista. Vácuos gordos virão.

terça-feira, outubro 16, 2007

Retomando

Parece que Lulinha anda perdendo a mão, ou a aprovação. Desde que o Renan e outros homens de famílias tomaram conta da mídia política parece que a população andou esquecendo as benesses de bolsas família e afins. Talvez o resultado de uma melhoria social seja mesmo a conscientização. Aí a classe política estaria fuzilada, pra não dizer outra coisa.

No Paraná, devo dizer, ainda faltam notícias. Sei que na cidade símbolo desse estado, que é mais um estado de espírito do que um estado propriamente dito, há pequenas mudanças.Tudo caminha para um monopólio das preferências eleitorais. Há quem diga também que prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Anyway, que rolem os midiáticos medíocres pelas ladeiras, até o grau mais baixo do puxa-saquismo local. A princípio a blindagem é boa. Queiram crer os locais que ela não se torne aquilo que se tornou a Blindagem curitibana, banda promessa que ficou na dívida.

Sem mais no momento, me despeço.

A volta sempre é triunfante. A ida é que dói e esfola pra caralho.

quinta-feira, agosto 09, 2007

A difícil separação política

Como os casamentos, as alianças políticas são por vezes orquestradas, planejadas depois de anos de namoro e noivado. Em outras vezes, elas ocorrem por paixões momentâneas e promessas de um futuro melhor. Infelizmente essas promessas acabam se frustrando hora ou outra. É aí que vem a difícil tarefa da separação.

Um amigo meu já dizia, "Casar é fácil, difícil é se separar". Em política não é diferente. Nessa hora todas as mínimas questões passam pela cabeça dos separados. Quando a separação é amigável, dividem-se os bens e os dividendos dos trabalhos e cada um vai para um canto. Isso ocorre nos casos em que o velho político pendura as chuteiras, casos raríssimos, já que a maioria, como recentemente foi o caso de ACM só largam do poder depois de mortos — se é que largam.

No entanto, na maioria das vezes a separação ocorre por brigas. Aí sim vemos uma verdadeira disputa pelo espólio político. Amigos e parceiros, que trocavam juras de fidelidade e festejavam há pouco os frutos da aliança se tornam adversários da noite para o dia.

Não bastando a dor da separação — ou alegria, dependendo do ponto de vista — resta ainda a tensão que fica como conseqüência. Ex-mulher, ex-marido e, nesse caso, ex-parceiros políticos são a certeza de dores de cabeça no futuro. É muita munição, muita intimidade, tudo ali, prestes a ser desvelado caso um dos lados se comporte mal.

E o que dizer dos filhos, dos cargos comissionados, das vantagens? Como garantir o futuro desses rebentos, o leite das crianças? Arrependidos, muitas vezes parceiros políticos, tais quais alguns casais acabam se reconciliando. É difícil observar tal movimento, já que ego e orgulho ninguém tem pouco. Mas acontece. As mágoas, no entanto, não ficam, já que, pelo menos na política, ninguém é imperdoável.

Paulo Chibata