terça-feira, setembro 19, 2006

O quebra-cabeças

As peças começam a se encaixar. Todos sabem do notório caso da reeleição, e de como FHC negociou com organismos internacionais o seu segundo mandato. Partindo dessas premissas e analiso os seguintes fatos:

1 - Uma semana antes de Freud e do R$ 1,7 milhão, FHC fez declarações bombásticas sobre o próprio PSDB, reforçando o racha no partido.
2 - O escândalo do dossiê saiu justamente no dia em que Lula estava longe do país, sem manobra para resposta.
3 - A CPMI dos sanguessugas deixou para investigar o caso depois do término das eleições.

Sabendo que Alckmin foge de FHC como o diabo foge da cruz, e sabendo que a uma das formas mais eficazes de se cair nas pesquisas eleitorais é bater nos adversários, podemos chegar à hipótese de que esses acontecimentos não foram à toa, e que o candidato mais beneficiado foi Geraldo.

Os noticiários de hoje ocuparam-se em mostrar o envolvimento do churrasqueiro de Lula na compra do dossiê. A grande e importante pergunta é, "de onde vem o dinheiro?" Outra inquirição, feita pelo presidente Lula nos EUA é "a quem interessa esse escândalo?". Alckmin fez a mesma pergunta, em seu programa, após bater duramente no candidato petista, alegando ser impossível o desconhecimento de tal caso pelos líderes do PT.

A dúvida maior é saber, mesmo, por que um assessor direto de campanha arriscaria envolvimento com dossiês contra adversários sendo que estamos a duas semanas de uma disputa nas urnas em que todas as pesquisas apontam para uma vitória de Lula no primeiro turno.

Será que uma investigação da CPMI revelaria algo contra ou a favor da campanha de Lula? Acho que nesse caso, a dúvida beneficia o candidato tucano, que está atrás nas pesquisas e agora tem um trunfo que envolve um assessor direto do presidente. Além disso, Alckmin pode respirar aliviado, depois do grande papel que FHC fez em descolar sua imagem do PSDB, através de críticas, também notadamente divulgadas em toda mídia.

Não seria tudo uma conspiração? Ou será que o PT é tão desorganizado assim? Como que um ex-agente da Polícia Federal e então "advogado do PT" se deixaria envolver em um escândalo. Com que interesse? O envolvimento de FHC no caso do painel mostra um passado de ligações entre PSDB e organismos estadunidenses. Um agente capacitado, certamente treinado por órgãos como FBI teria por certo chances de entrar em contato com esses mesmos órgãos, e, mesmo que fosse comprar dossiês, possuiria o conhecimento necessário para fazê-lo com mais discrição.

Não que o Chibata defenda o Lula, o rato etílico, como diria o hamster ACM. Apenas levanto aqui alguns elementos que podem ou não ser explorados pela ala da situação nos próximos dias. Quanto ao PSDB, fica confortável agora um segundo turno, caso ocorra. Veremos agora como se apresentarão as próximas pesquisas. A economia, pelo menos não chiou, nem chiará. Há muito que a política não influi nem contribui para o lado financeiro.